Pensamento de hoje

Poder de um lado e medo do outro formam a base da autoridade irracional.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Verticalização

Contrariamente a opinião da maioria dos técnicos do IPPUJ e dos legisladores de Joinville o Advogado Carlos Adauto Virmond Vieira não apoia a crescente verticalização irresponsável da cidade. Publicou hoje uma carta no jornal A Noticia, com o titulo "Verticalização?"

· Verticalização?

A verticalização, acima de dez andares, em decorrência do adensamento de pessoas, tem sido apresentada como paliativo aos problemas de mobilidade urbana. Não concordo. O adensamento de pessoas traz os automóveis, o lixo, o esgoto, o barulho etc. Ao contrário do que se propaga, onde se permite a construção de prédios muito altos não se atinge grande densidade populacional, porque prédio alto tem custos de construção e manutenção elevados e só atende ao mercado de alto poder aquisitivo.

Acompanhamos a verticalização de cidades como Curitiba, Florianópolis e Balneário Camboriú, e ela só piorou a qualidade de vida por lá. Nos debates, não se fala sobre a paisagem, a insolação, o regime de ventos, que sofrerão com a verticalização. Muralhas de concreto, de até 24 andares, são uma insanidade. Os primeiros exemplos desta insanidade estão ficando prontos, e assustam. Em uma cidade como Joinville, marcada por umidade e calor, privar as propriedades da luz solar e do regime de ventos é condená-las ao mofo e à insalubridade.

O grande diferencial paisagístico de Joinville são seus (ainda) verdejantes morros. Mas aos poucos a pressão imobiliária está cercando e cobrindo os morros pelo concreto. Nosso espetáculo natural mais belo é o pôr-do-Sol na serra Dona Francisca, que marca o perfil geológico de Joinville. Mas os prédios acima de dez andares cobrem o desenho da serra, nos privando desta paisagem maravilhosa. Em países mais desenvolvidos, como a França e a Alemanha, é direito de todo cidadão usufruir da paisagem. Lá o planejamento urbano proíbe prédios que limitem a vista dos Alpes, da Torre Eiffel ou da Catedral de Colônia. O que nos falta é coragem para tentar um novo modelo de desenvolvimento. A proposta da verticalização tem mais de 50 anos e não apresentou resultado positivo em lugar nenhum. Por uma razão muito simples; ela é contra a natureza do ser humano.

Carlos Adauto Virmond Vieira
Joinville

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Abaixo assinado

Abaixo assinado

Basear o planejamento urbano de uma cidade em abaixo assinados é perigoso.

Reduzir o planejamento a perguntar a pouco mais de duas dúzias de moradores ou proprietários o que acham que deve ser feito numa determinada quadra, representa tratar o planejamento de uma cidade de 500.000 habitantes com um amadorismo assustador.

Pior ainda que as mudanças possam ser aprovadas sem nenhum estudo técnico, sem avaliar o impacto que a aprovação destas mudanças possam ter e que com certeza terão no desenvolvimento de Joinville. O mutismo do IPPUJ por um lado e a forma superficial e alegre com que os temas referentes as mudanças de zoneamento são tratados, beiram em alguns casos a irresponsabilidade e o bom senso recomenda que o MP teria que estar atento e acompanhar um pouco mais de perto as movimentações de uns e o silencio de outros.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O América já era?

O AMÉRICA JÁ ERA...

As constantes mudanças de zoneamento em Joinville estão acabando com os bairros tradicionais da cidade, dentre os quais destaca-se o América, um bairro historicamente residencial cuja relação de qualidade de vida esta associada a baixa densidade, disponibilidade de áreas verdes particulares de grande relevância para o ambiente urbano, uma arquitetura notável, muitas vezes de valor histórico, aquirida ao longo de dezenas de anos por uma relação de vizinhança e harmonia. Se o América é emblemático para Joinville, os demais já não tem mais qualquer identidade significativa.

Nossos mais significativos locais de moradia estão sendo "abduzidos" por alienígenas que promovem uma lavagem cerebral da sociedade extraindo sua memória, tudo justificado por um discurso mentiroso da vinda de "novos empreendimentos qualificados".

Nesta linha, o que podemos esperar para o futuro da cidade?

Nem mesmo uma associação ativa e participante inibe os ataques constantes de especuladores e daqueles que facilitam a vida para os espertos, que vendem dificuldades para gerar facilidades.

Mas não é apenas o América que está sob fogo cruzado. Saguaçu, Santo Antônio, Glória, Atiradores e o cinturão verde da cidade vem sendo o alvo de uma inescrupulosa ação que terá como consequencia a mais perigosa e imprevisível desagregação territorial já protagonizada na história da cidade.

Joinville passou a ser alvo de uma orquestração oriunda dos especuladores históricos, outros novos que estão se instalando, mas e principalmente da impiedosa supressão de nossas mais signidficativas identidades, abrindo uma avenida de permissividades e oportunidades aos especuladores, que tudo levam e nada deixam.

Somada a fraqueza do poder público local e a legião de "batedores de carteira", a cidade sucumbe de forma rápida ao modelo mais comum da urbe do terceiro mundo, uma cidade sem identidade, sem auto-estima, cujo território passa a ter a lei da "lei nenhuma", maleável a quem manda, aos mais fortes e sem caráter.


Hoje, primeiro de dezembro de 2010, às 19:30 hs na Câmara de Vereadores de Joinville, um novo capítulo desta triste novela será encerrado ou mais propriamente encenado, em audiência pública, conduzida pelos mais recentes "cavaleiros do apocalipse" que voltarão a mentir para uma platéia compostas de palhaços. O circo de hoje terá um espetáculo já conhecido, onde no picadeiro estarão as poltronas destinadas aos tolos, e mesmo que eles venham a se rebelar contra as propostas e decisões para mudar a cidade, o roteiro da encenação do "faz-de-conta" irá se encaminhar para um fim previsível, naquilo que aqui se convencionou chamar de "consulta pública", um esperto "referendum" teatral.

Hoje, o América perderá uma grande e significativa parte de seu território, a região da rua Aquidaban, onde dezenas de famílias construiram suas vidas e garantiram, durante 1 século, o singelo equilíbrio e qualidade de vida invejável, que muitos desejam e não conseguem reconhecer, pois estão sendo destituídos dos verdadeiros valores qualitativos humanos.

Há algum tempo atrás avisei à presidente da AMABA que a luta em prol da manutenção da R1 estava sendo muito elitista e deveria ser ampliada para o bairro como um todo. Não ouviram e estão sendo "comidos pelas beiradas". As mudanças chegarão muito brevemente aos portões bem guardados das elites locais, mas daí já será tarde.

Deus nos ajude!!!!


Do blog La Vie en Ville de Sérgio Gollnick