"Esvaziamento é fruto do aumento de prédios"
Especialista alerta para mudança no padrão tradicional dos bairros e impacto no trânsito
Matheus Pichonelli
Raquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, afirma que o processo de esvaziamento de bairros como Lapa, Tatuapé e Santo Amaro, apontado pelos vereadores como motivo para incentivar a verticalização da região, está ligado justamente ao aumento de unidades imobiliárias lançadas nessas áreas nos últimos anos. O modelo de verticalização adotado em São Paulo, diz, “produz muita área construída e pouca densidade demográfica”.
“No Tatuapé isso é muito claro. Existem muitos apartamentos com grande área comum em grandes áreas exclusivas e menos gente vivendo no padrão tradicional do bairro, que eram os sobradinhos. O mesmo fenômeno se observa agora mais recentemente no caso da Lapa”, analisa.
De acordo com a especialista, isso acontece justamente porque o modelo de verticalização busca o “enobrecimento” do bairro e substitui uma população residente no bairro de classe média e classe média baixa por uma de renda muito mais alta.
Com a valorização das áreas, diz, muitas das pessoas que pagam aluguel acabam deixando o local porque não têm condições de arcar com os novos valores. “As casas acabam servindo para uso comercial e de serviços para atender a esse novo padrão de consumo”.
Impacto no tráfego
Outro fenômeno, segundo Rolnik, é que, como as famílias atraídas para esses empreendimentos não costumam usar transporte público, lançam mais veículos nas ruas e provocam impacto no tráfego e no meio ambiente. “É um modelo perverso de verticalização em que você poder subir mais o prédio se deixar mais espaço vazio no térreo. Isso só afasta os vizinhos, e é muito caro”.
Segundo ela, a partir de agora é necessário haver um acompanhamento detalhado sobre as mudanças que serão feitas no projeto até o dia da sua votação.
Fonte: iG São Paulo
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