Prédios altos "roubam" até 6 horas de sol em SC
Sombra começa às 14h em praias de Balneário Camboriú
Secretário diz que não adiantaria colocar um limite agora, já que restam poucos terrenos disponíveis na orla
LUIZA BANDEIRA
ENVIADA ESPECIAL A BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)
São 15h e o comerciante Vanderlei Knerek, 41, recolhe barracas e cadeiras que aluga na praia Central, em Balneário Camboriú.
Instalado em frente ao recém-construído edifício Metropolis, de 44 andares, ele vê uma grande sombra se formar no seu ponto, fazendo com que os banhistas deixem a praia ou procurem trechos ainda ensolarados.
Os prédios altos da orla se tornaram os vilões do verão em um dos destinos turísticos mais procurados do litoral de Santa Catarina.
Os edifícios fazem sombra na praia a partir das 14h. "Roubam" até seis horas de sol dos turistas -no horário de verão, as praias costumam ficar cheias até as 20h.
Segundo Carlos Haacke, presidente do sindicato da construção civil do município, os espigões começaram a surgir na década de 80.
A preocupação foi não construir um prédio "colado" ao outro, acabando com a ventilação na orla.
Para compensar perdas com trechos vazios, investiu-se em prédios altos, com mais apartamentos.
Nos últimos anos, disse Haacke, houve uma explosão de prédios altos. O preço dos apartamentos pode chegar a até R$ 7 milhões.
INCÔMODO
Na quinta-feira, a única barraca que ainda restava na sombra do Metropolis era a do motorista Jorge Moreira, 39. Ele havia aproveitado pouco mais de uma hora de sol. "Todos os dias a gente dá o azar de ficar em um lugar com sombra", reclamava.
A argentina Julieta Carradori, 25, disse que tem procurado outras praias.
Já o professor Paulo Fraga, 45, aproveitou a sombra para levar a mãe, que não pode pegar sol forte, à praia.
Não há limite de altura para os prédios na orla, segundo a prefeitura. O secretário de Planejamento do município, Auri Pavoni, disse que não adiantaria colocar um limite agora, já que restam poucos terrenos disponíveis.
Apesar de não ter sido motivado pelo problema da sombra, um projeto para ampliar a faixa de areia na praia -que diminuiu devido ao avanço do mar- é apontado como a única solução.
"Derrubar os prédios é impossível", disse Pavoni.
O problema também atinge outras praias brasileiras, como a de Guarujá, em SP.