Pensamento de hoje

Poder de um lado e medo do outro formam a base da autoridade irracional.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Jornal A Noticia

Ocupação de solo

Gostaria de congratular “AN” pela ampla cobertura aos debates sobre a consolidação e alteração das leis de ocupação do solo. A reportagem “O céu é o limite em Joinville?” (24/11) dá voz aos dois lados da polêmica e cabe ao leitor aderir a uma ou outra corrente.

Como cidadão, tenho como certo que as mudanças defendidas pelas imobiliárias e construtoras são extremamente prejudiciais ao ambiente urbano. É necessário lembrar que o caos em que se encontra atualmente a cidade de São Paulo, por exemplo, se deve justamente à desorganizada ocupação do solo, com concentração excessiva de altos edifícios em determinadas regiões.

E os setores responsáveis por essa desorganização são os mesmos que agora pretendem verticalizar Joinville. Prédios altos não são uma condição essencial ao desenvolvimento socioeconômico (exceção feita às contas correntes dos donos das imobiliárias e construtoras), bastando, para comprovar essa afirmação, que se verifique o cenário europeu. Se metrópoles globais como Madri e Paris, salvo os casos de distritos distantes e isolados, não possuem um único prédio acima dos seis ou oito andares, por que Joinville precisaria ter prédios com 40 pavimentos?

Não é preciso ser urbanista para se saber que a chave para um meio ambiente urbano saudável e organizado é a descentralização dos serviços e a valorização dos bairros, com a consequente horizontalização da cidade. Do ponto de vista dos indivíduos, existe alguma vantagem em morar e trabalhar em arranha-céus às custas da tranquilidade, da fluidez do tráfego (que, mesmo sem grandes prédios, já está prejudicado), da ventilação, da luminosidade, da permeabilidade do solo, entre tantos outros aspectos que compõem o meio ambiente? Claro que não.

Se não resta dúvida de que essa vantagem será toda de quem constrói e vende unidades comerciais e residenciais, não menos certo é que as modificações propostas evidentemente não se revestem do necessário interesse público.



Lucas Hildebrand
Joinville

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